- 25 jul, 12:16
#8418
Ettore Bugatti (1881-1947) é um dos nomes míticos da história do automóvel. Morreu há 60 anos, mas o seu nome perdura numa marca que o Grupo VW procura manter bem viva.
Ettore Bugatti nasceu em 1881, em Milão, no seio de uma família ligada à arte. Esta herança familiar esteve patente ao longo de uma vida dedicada ao automóvel, onde fez questão de aliar a elegância das formas a arrojadas soluções tecnológicas.
Entre 1898 e 1909, o jovem Ettore esteve associado a vários construtores. Aos 21 anos já desenhava as carroçarias dos De Dietrich. Depois, trabalhou para a Mathis e a Deutz, acabando por se estabelecer em Molsheim (Alsácia), perto de Estrasburgo, numa altura em que este era um território alemão.
Foi aí que, em 1910, construiu o primeiro automóvel com o seu nome: o Bugatti Type 13, equipado com um motor de quatro cilindros com 1327 cc e uma árvore de cames à cabeça. Quatro anos mais tarde, o italiano apresentou um motor de 16 válvulas, que ficou para a história como o primeiro a ser produzido em série. Desde esse momento ficou clara uma imagem de marca: os Bugatti combinavam soluções técnicas inovadoras, mas simples, com um grande cuidado no detalhe ao nível da forma e da construção de cada modelo. Por isso, desde sempre, os carros de Ettore foram aplaudidos não só pelos apaixonados pelo fenómeno automóvel, mas também pelos menos conhecedores.
Numa altura em que a produção em série estava por inventar, Ettore também deu um importante contributo para uma nova solução: ao aproveitar peças comuns, utilizadas em vários modelos, inovou com a criação de elementos modulares partilhados pelos mais diversos automóveis que produzia. A utilização dos mesmos châssis por vários modelos pode ser vista como a origem das plataformas partilhadas, que a industria automóvel elegeu na actualidade. Entre 1920 e 1930, esta solução fez a prosperidade de Ettore Bugatti; hoje, é o segredo financeiro para rentabilizar os grandes colossos da indústria automóvel.
Deste modo, o italiano de Molsheim produziu automóveis de turismo e de competição sobre a mesma base, o que lhe permitiu reduzir custos, já que mesmo os veículos destinados a uma utilização desportiva eram produzidos em "série". Por isso, o Bugatti 35 pode ser visto como o primeiro automóvel de competição-cliente. Tinha tudo para ser um vencedor: era leve, aerodinâmico e dispunha de uma mecânica simples. Foi apresentado em 1924 com um motor sobrealimentado de oito cilindros com 1990 cc. Ao longo dos anos, este modelo evoluiu para o 35A (1990 cc), 35B (2261 cc) e 39A (1492 cc).
Aposta no luxo
O sucesso de Ettore Bugatti levou-o a tentar ir mais longe. Daí a aposta nos automóveis de grande luxo. Contudo, ao mesmo tempo que o italiano marcou a sua época ao nível do design com os impressionantes Royale, que ainda hoje são considerados os mais majestosos automóveis de sempre, o Mundo vivia um período de mudança, e os Bugatti com motores de 11 litros não tiveram grande sucesso comercial.
Em 1930, a Bugatti ainda produziu um modelo de 16 cilindros destinado à competição, que só teve algum êxito depois de algumas alterações introduzidas por Jean, filho de Ettore. Porém, com o início da Guerra Mundial, o mundo de Ettore Bugatti ruiu e, depois da morte da mulher e do filho, em 1939, o seu talento apagou-se. Após a guerra, quando a Alsácia deixou de ser alemã para voltar a ser francesa, foi preso sob a acusação de colaboração com os nazis. Morreu em 1947 - há 60 anos - em Paris. Nessa altura, podiam ser recordados os sete 950 Bugatti que haviam sido produzidos.
39 anos depois, Romano Artioli recuperou o nome Bugatti. Adquiriu o direito de utilização, investiu milhões que nunca se soube de onde vinham e criou a "nova Bugatti". Em 1992 lançou o EB 110 com motor V12 turbo de 3,5 litros. Quem o guiou, afirmou que era um automóvel fantástico: tinha um habitáculo soberbo e performances do outro mundo.
À partida tinha tudo, mas não teve clientes e Romano Artioli declarou falência. O tempo passou e, quando se pensava que a Bugatti tinha enfim entrado na galeria da memória, Ferdinand Piech, o então patrão do Grupo VW, adquiriu o nome, comprou o castelo de Molsheim onde viveu Ettore e aí instalou a "nova" Bugatti, que desde então desenvolveu o Veyron 16.4,disponibilizado no final de 2006 para alguns clientes capazes de pagar um milhão de euros por um automóvel.
http://automotor.xl.pt/0707/2900.shtm
Ettore Bugatti nasceu em 1881, em Milão, no seio de uma família ligada à arte. Esta herança familiar esteve patente ao longo de uma vida dedicada ao automóvel, onde fez questão de aliar a elegância das formas a arrojadas soluções tecnológicas.
Entre 1898 e 1909, o jovem Ettore esteve associado a vários construtores. Aos 21 anos já desenhava as carroçarias dos De Dietrich. Depois, trabalhou para a Mathis e a Deutz, acabando por se estabelecer em Molsheim (Alsácia), perto de Estrasburgo, numa altura em que este era um território alemão.
Foi aí que, em 1910, construiu o primeiro automóvel com o seu nome: o Bugatti Type 13, equipado com um motor de quatro cilindros com 1327 cc e uma árvore de cames à cabeça. Quatro anos mais tarde, o italiano apresentou um motor de 16 válvulas, que ficou para a história como o primeiro a ser produzido em série. Desde esse momento ficou clara uma imagem de marca: os Bugatti combinavam soluções técnicas inovadoras, mas simples, com um grande cuidado no detalhe ao nível da forma e da construção de cada modelo. Por isso, desde sempre, os carros de Ettore foram aplaudidos não só pelos apaixonados pelo fenómeno automóvel, mas também pelos menos conhecedores.
Numa altura em que a produção em série estava por inventar, Ettore também deu um importante contributo para uma nova solução: ao aproveitar peças comuns, utilizadas em vários modelos, inovou com a criação de elementos modulares partilhados pelos mais diversos automóveis que produzia. A utilização dos mesmos châssis por vários modelos pode ser vista como a origem das plataformas partilhadas, que a industria automóvel elegeu na actualidade. Entre 1920 e 1930, esta solução fez a prosperidade de Ettore Bugatti; hoje, é o segredo financeiro para rentabilizar os grandes colossos da indústria automóvel.
Deste modo, o italiano de Molsheim produziu automóveis de turismo e de competição sobre a mesma base, o que lhe permitiu reduzir custos, já que mesmo os veículos destinados a uma utilização desportiva eram produzidos em "série". Por isso, o Bugatti 35 pode ser visto como o primeiro automóvel de competição-cliente. Tinha tudo para ser um vencedor: era leve, aerodinâmico e dispunha de uma mecânica simples. Foi apresentado em 1924 com um motor sobrealimentado de oito cilindros com 1990 cc. Ao longo dos anos, este modelo evoluiu para o 35A (1990 cc), 35B (2261 cc) e 39A (1492 cc).
Aposta no luxo
O sucesso de Ettore Bugatti levou-o a tentar ir mais longe. Daí a aposta nos automóveis de grande luxo. Contudo, ao mesmo tempo que o italiano marcou a sua época ao nível do design com os impressionantes Royale, que ainda hoje são considerados os mais majestosos automóveis de sempre, o Mundo vivia um período de mudança, e os Bugatti com motores de 11 litros não tiveram grande sucesso comercial.
Em 1930, a Bugatti ainda produziu um modelo de 16 cilindros destinado à competição, que só teve algum êxito depois de algumas alterações introduzidas por Jean, filho de Ettore. Porém, com o início da Guerra Mundial, o mundo de Ettore Bugatti ruiu e, depois da morte da mulher e do filho, em 1939, o seu talento apagou-se. Após a guerra, quando a Alsácia deixou de ser alemã para voltar a ser francesa, foi preso sob a acusação de colaboração com os nazis. Morreu em 1947 - há 60 anos - em Paris. Nessa altura, podiam ser recordados os sete 950 Bugatti que haviam sido produzidos.
39 anos depois, Romano Artioli recuperou o nome Bugatti. Adquiriu o direito de utilização, investiu milhões que nunca se soube de onde vinham e criou a "nova Bugatti". Em 1992 lançou o EB 110 com motor V12 turbo de 3,5 litros. Quem o guiou, afirmou que era um automóvel fantástico: tinha um habitáculo soberbo e performances do outro mundo.
À partida tinha tudo, mas não teve clientes e Romano Artioli declarou falência. O tempo passou e, quando se pensava que a Bugatti tinha enfim entrado na galeria da memória, Ferdinand Piech, o então patrão do Grupo VW, adquiriu o nome, comprou o castelo de Molsheim onde viveu Ettore e aí instalou a "nova" Bugatti, que desde então desenvolveu o Veyron 16.4,disponibilizado no final de 2006 para alguns clientes capazes de pagar um milhão de euros por um automóvel.
http://automotor.xl.pt/0707/2900.shtm