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Cá vou eu contar a experiência:
Chego à estação de Aveiro as 13h00, compro o bilhete e vou para a linha 8 (linha do vouga). Deparo-me com isto:

Série 9630: É uma automotora (unidade dupla a diesel), inicialmente usada na linha da povoa e construída entre 1990-1991 na fábrica da Amadora da empresa Sociedades Reunidas de Fabricações Metálicas (SOREFAME) - empresa portuguesa actualmente extinta.
Foram construídas 7 no total.
Têm uma potência de 434 cv e atingem uma velocidade máxima de 90 km/h (mas não na linha do vouga).
Apesar de actualmente funcionarem utilizando gasóleo, estas automotoras vêm preparas de origem para poderem ser convertidas para tracção eléctrica.
Entro no Vouginha já quase há hora da partida e com os motores diesel em funcionamento. Deparo-me com bastantes cadeiras vazias. A lotação do Vouguinha e de 109 (sentados) + 104 (em pé). No comboio estávamos 7 passageiros: eu, um casal jovem de brasileiros (que também vieram conhecer a linha) e 4 pessoas de idade.
O Comboio começa em andamento e noto que a insonorização (tendo em conta o ruído dos motores a diesel) até é melhor do que estaria à espera e que a marcha até é bastante suave.
Na primeira curva, à saída da estação (assim como em outros troços), o limite de velocidade é de 10km/h

O comboio inclina-se bastante na curva (não percebo o porquê de tal acontecer na maioria das curvas, visto a velocidade ser tão reduzida), passa numa passagem de nível sem guarda (mesmo ao lado da estação) e segue o seu caminho.
O limite passa a 50 km/h (velocidade máxima que pode atingir em toda a linha) seguindo-se uma enorme recta. A sensação que tive não era a de que estava a andar de comboio: parecia que estava a flutuar!

Mesmo em linha recta o comboio inclinava-se lentamente para cada um dos lados (mesmo como se estivesse a flutuar). Digamos que raramente me senti "sobre carris".

Nas curvas notava-se o comboio a embater contra os carris para curvar (nas curvas mais rápidas). Salvo o exagero, parecia que o comboio ia em frente nas curvas, depois batia nos carris, virava um bocado, voltava a ir em frente até que voltava a virar mais um bocado, resumindo: parecia que havia uma folga entre os carris e as "rodas" (se é que é este o nome correcto).
O comboio, em algumas estações, só para se houver alguém para embarcar ou desembarcar.
A paisagem é bonita (o comboio percorre o interior de algumas matas) mas confesso que a minha expectativa era um pouco mais elevada.
Chegamos a Águeda (uma estação principal) ás 13h46. Qual não é o meu espanto quando sai toda a gente

e fico eu sozinho com o revisor no comboio. Segui sozinho até Sernada do Vouga (14h14), passando por uma ponte a 10 km/h por cima do Rio Vouga!

Em Sernada do Vouga...

... (onde dois comboios se cruzam) há uma espécie de pausa onde o pessoal (mecânicos, revisores, maquinistas, etc) se encontram e vão conviver alguns minutos para o café da estação. Cada um dos comboios (o que vem de Aveiro e o que supostamente vem de Espinho) ficam parados cerca de 38 minutos.
Ao tentarem ligar a automotora que supostamente iria para Espinho (aquela onde eu seguiria), chapéu!

Não pega!
Foram buscar uma automotora (estacionada) igual às anteriores (para seguir para Aveiro) que deitava muito fumo e eu segui para Espinho naquela que estava estacionada ao lado da que não pegava (que era aquela onde eu tinha circulando anteriormente). O Vouguinha estava com este aspecto:

(do lado esquerdo)
A automotora arrancou e assisti ao que está descrito no video do primeiro post. Apesar de já ter sido gasto muito dinheiro com a linha e de já terem automatizado grande parte das passagens de nível, ainda assisti a três passagens em que o revisor saiu da automotora, fechou as cancelas, a automotora passou pela passagem de nível, parou, o revisor abriu as cancelas, entrou e siga viagem!

Meti conversa com o revisor e estivemos a conversar até Oliveira de Azeméis (altura em que saiu, juntamente com mais 2 passageiros, ficando eu novamente sozinho no comboio quase até Espinho!).
O revisor contou-me que estava indignado e havia muita gente revoltada com as politicas da refer. Resumindo: "obrigaram-no" a trabalhar no feriado e não lhe pagaram 3x mais como tinha direito nesse dia, devido a uma folga no dia seguinte para "compensar". Para além disso, sempre que uma automotora avaria, têm de fazer turnos superiores a 8 horas e ninguém lhes paga as horas extras. Politicas da refer e da cp de lado, contou-me que não acredita que a linha venha a ser fechada (apesar do enorme prejuízo que dá) porque as câmaras e as juntas não deixam! "A linha está a ser modernizada e muito dificilmente será encerrada". Sinceramente não consegui perceber muito bem o interesse da câmara e das juntas em manter uma linha que só dá prejuízo aberta. A CP queria que os municípios suportassem os custos das linhas, mas como é óbvio tal também não é possível.
Fala-se sim da possibilidade de o Urbano poder chegar até Oliveira de Azeméis através da linha do Vouga, mas tal também é uma hipótese remota devido aos elevados custos que tal acarretaria (teriam de alargar a linha, colocar catenárias, etc).
O revisor (bem simpático, por sinal) falou-me também da fiabilidade das automotoras (que estão sempre a avariar

) e que a linha da povoa possuía um modelo muito mais fiável que foi vendido por tuta e meia à Argentina, ficando a linha do vouga com a série 9630.
Fui sozinho (ou seja, com outro revisor e com o maquinista na cabine) no Vouguinha de Oliveira de Azeméis quase até Espinho (altura em que foi entrando e saindo uma pessoa de vez em quando). Quando o comboio chegou à estação de Espinho-Vouga éramos 4 passageiros no comboio.

Alguns metros à frente encontra-se a estação de Espinho.
PS. Não tirei fotos.

As que coloquei, como é obvio, não são da minha autoria.